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5G – O que muda com a chegada ao Brasil

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Não se trata apenas da 4G com maior velocidade: a 5G tem características que mudam uma série de mercados e criam novos modelos de negócios.

A quinta geração de telefonia vai permitir, é claro, assistir a canais de streaming e fazer reuniões em vídeo com mais qualidade de imagem e mais estabilidade,  mas as maiores novidades não são essas.

Realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a oferta dos lotes de frequência da 5G tornou-se o maior leilão da história do Brasil, atrás apenas da licitação do pré-sal.

Foram oferecidos 26 lotes, que vão exigir investimentos de pouco mais de 47 bilhões de reais nos próximos anos.

Entre os compradores estão não apenas operadoras tradicionais do setor de telecomunicações, como Claro, Vivo e Tim, mas também empresas regionais, dispostas a levar a nova conectividade para regiões mais afastadas dos grandes centros.

A arquitetura da nova rede diferencia a 5G de todas as alternativas que o antecederam.

Até a 4G, existiam duas filas, uma para voz e outra para dados. Agora, com a 5G, é possível segmentar a rede de dados, de acordo com a aplicação crítica. É o que chamamos de garantia de qualidade do serviço, ou QoS.

Dessa forma, por exemplo, uma cirurgia realizada a distância, com um médico operando um robô a milhares de quilômetros do centro médico, não correrá o risco de sofrer oscilações na conectividade apenas porque muitas pessoas decidiram, simultaneamente, usar a internet.

Outro exemplo do que se pode esperar para o futuro com a nova geração de telefonia móvel:

Veículos autônomos poderão se tornar cooperativos, com todos os carros utilizando a 5G para trocar informações entre si e com os equipamentos da via, como os semáforos.

Poderiam trafegar muito próximos um do outro, sem o risco de acidentes, ou mesmo enviar informações para os smartphones dos pedestres.

E isso muda o jogo, na medida em que viabiliza o trânsito inteligente, ou a logística, com as entregas por drones.

5G – Mercado Bilionário

Segundo um estudo da consultoria Bain & Company, a possibilidade de segmentar a rede permite que novas oportunidades de negócios sejam criadas.

As operadoras de serviços de telecomunicações, por exemplo, podem se reposicionar como prestadoras de soluções integradas, de acordo com as demandas específicas de cada setor da economia.

O mesmo levantamento indica também que a 5G deverá representar 35% de todas as conexões móveis até 2025 no Brasil, e 81% do total ao fim desta década.

O mercado de 5G deverá movimentar 13 bilhões de reais em 2023 e 74 bilhões de reais em 2030, de acordo com a consultoria.

Esse crescimento se deve também a duas outras vantagens da nova conectividade:

Um aplicativo para celular, por exemplo, acessa dados de um datacenter, que fica em algum ponto do mundo. Com a 5G, em vez de demorar, por exemplo, 2 segundos para buscar essas informações, o app vai precisar de poucos milissegundos, porque a própria rede da operadora telefônica pode funcionar para armazenar dados.

Outro diferencial é a possibilidade de utilizar faixas de serviços diferentes, o que pode viabilizar uma explosão do mercado de internet das coisas (IoT) — que, segundo uma estimativa da empresa de tecnologia sueca Ericsson, vai alcançar, em termos globais, 67 bilhões de reais em 2030.

Nem todos os componentes precisam da conexão máxima, por exemplo, hoje conectamos todas as lâmpadas inteligentes ao Wi-Fi, com a 5G poderemos contratar vários planos diferentes, com preços e faixas diversas. Com isso, o próprio uso do Wi-Fi tende a diminuir.

Já há empresas atuando em cada uma dessas soluções. Algumas devem chegar antes, a depender da viabilidade da aplicação e da demanda de mercado.

O fato de o Brasil ter adiado o leilão da 5G dificulta o surgimento de empresas disruptivas que vão inovar com produtos e serviços que ainda nem sequer existem, pois  estamos um pouco atrasados em relação ao restante do mundo.

Foco em tecnologias abertas

Para os estudantes da área de computação, a chegada da 5G representa um impacto pequeno, as tecnologias são as mesmas que já utilizadas para desenvolver em nuvem. Nesse sentido, do ponto de vista do desenvolvimento, a rotina muda pouco.

Isso porque, até um passado recente, as empresas tradicionais desenvolviam cada uma seu formato para os produtos. Ao fim de alguns anos de competição, todas acabavam por aderir ao modelo vencedor.

Agora, o que temos visto é o uso de tecnologias abertas, com formatos padronizados. Quem atua em cloud vai importar esse modelo de trabalho.

De acordo com o edital da Anatel, as 26 capitais dos estados e o Distrito Federal deverão ter cobertura com 5G até julho de 2022.

A tecnologia deverá estar disponível em todos os municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes até 2028.

Cinco mudanças esperadas com a 5G

1) Cidades Inteligentes: A nova conectividade viabiliza a utilização crescente de lâmpadas que só acendem quando necessário, semáforos capazes de melhorar o fluxo de veículos, automóveis autônomos interconectados e sistemas de segurança mais eficazes.

2) Saúde: Além de melhorar a qualidade das conexões de telemedicina, a 5G permite a realização de cirurgias e tratamentos monitorados a distância, levando o médico especialista, de forma remota e ágil, a locais onde não existem profissionais da mesma área.

3) Indústria: É um dos setores da economia que mais utilizam internet das coisas para ganhar eficiência nos processos usando máquinas que se comunicam entre si. A nova rede permitirá multiplicar o uso desses aparelhos conectados.

4) Casas Conectadas: Os aparelhos inteligentes, de geladeiras a lâmpadas, já existem, mas a possibilidade de trocar planos de Wi-Fi por micropacotes de internet de 5G para cada demanda deverá garantir que o acesso a esses produtos se torne mais barato e fácil.

5) Agricultura: O campo se ressente de falta de conectividade para utilizar, em larga escala, sensores para medir as condições do solo e da atmosfera, drones para avaliar o avanço do plantio e plataformas de gerenciamento da saúde dos animais. Essa situação tende a mudar.

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EDMAR JUNIOR
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